quarta-feira, 15 de junho de 2011

UM SONHO QUE NÃO SONHEI

Sonhei que era um elefante
daqueles enormes, enrugados , de olhos doces
andava pela cidade sem problemas, sem medo e sem chamar atenção


Algumas pessoas me viam, sorriam, vinham olhar de perto ,fazer um carinho na minha tromba,olhar as pinturas no meu corpo
Sim eu era um elefante pintado 
com cores alegres,  
cheia de  desenho de flores,estrelas,planetas e crianças


Todas as crianças me viam...assim como os velhos
que também podiam me ver
Mas como se soubessem de um segredo precioso
não faziam alarde, não gritavam, 
ou tentavam me mostrar aos outros
Se podiam, com jeitinho iam chegando
prá fazer carinho
falar coisas na lingua dos elefantes e das crianças
que para quem não sabe é a mesma língua


Eu queria ver o mar, então
atravessei ruas e avenidas sem os carros notarem minha presença calma e grande, 
andando lentamente entre eles


Na praia, o sol me recebeu com ondinhas de
espuma branca que faziam cocegas
Olhei o mar extasiada,tentando fazer caber aquele infinito inteiro nos meus olhos pequenos
sentia a areia,o vento que vinha de muito longe e estava cansado


Convidei o vento para descansar nas minhas costas e ele foi chegando feito brisa suave
feito saudade 


Entrei devagar no mar,algumas crianças brincavam a minha volta e eu queria curtir aquilo tudo sem pressa
Eu era um elefante sem idade,sem nome, endereço, nem ansiedade
Era só um elefante que veio de muito longe
olhando bem o caminho
passando por destinos e estórias
pessoas e outros bichos 
alguns bem visíveis outros não...


Nadei vendo a tinta do meu corpo colorir o mar de rosa , roxo, verde, azul,
laranja, amarelo e vermelho
As crianças riam mexendo na água
misturando as cores


O vento ria de fazer barulho... montado nas minhas costas quentinhas...
Esqueceu do cansaço e virou  alegria


E foi só isso
Assim como vim, fui embora
nadando feliz, na água azul turquesa de um mar amigo
um velho conhecido que me tornava leve
e me levava de volta
 para o começo do caminho

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